22º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros é ponto de partida para um novo mercado

Encerrado neste sábado (05 de março), o 22º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, realizado pela Fenacor, em parceria com o Sincor-SP, teve um componente histórico: foi o primeiro grande evento presencial em 2022 após dois anos de pandemia. Cerca de 2 mil pessoas estiveram presentes no Royal Palm Hall, em Campinas (SP), considerado o centro de eventos mais avançado e completo da América Latina. Esse contexto gerou muita emoção, reencontros, novas parcerias e muito debate sobre temas relevantes do setor. As propostas discutidas pelas principais lideranças do setor e autoridades certamente servirão como ponto de partida para muitas mudanças no mercado, incluindo a revisão de normas da Susep bastante questionadas por seguradores e Corretores de Seguros nos três dias de intensos debates.

“É preciso rever urgentemente atos absurdos como a criação das tais sociedades iniciadoras de serviço de seguro (SISS). Essa figura esdrúxula que, na verdade, é um novo operador do sistema e não está previsto no decreto lei 73/66. Mas, tenho certeza que esse erro logo será corrigido, seja no congresso nacional, ou por decisão da nova direção da Susep, ou, se necessário, na justiça”, acentuou o presidente da Fenacor, Armando Vergilio, logo na abertura do evento, no qual defendeu também a autorregulação. “É a independência do Corretor de Seguros. Serve como uma blindagem para a categoria. A autorregulação vem para nos dar essa independência, da mesma forma que é importante que o Banco Central tenha a sua independência”, acrescentou.  

Os seguradores presentes também fizeram intensas críticas a normas como a criação da SISS. 

O presidente da Porto Seguro, Roberto Santos, por exemplo, arrancou risos e aplausos da plateia ao afirmar não saber exatamente “que bicho é esse”.   

Ele também criticou os gastos gerados pelo open insurance, revelando que, apenas na primeira fase de implantação, a Porto Seguro, está gastando mais de R$ 4 milhões.     

No mesmo tom, o presidente da Tokio Marine, José Adalberto Ferrara, comentou que “não entende até hoje” o propósito para a criação dessa figura (a SISS).   

A importância de se corrigir distorções no marco regulatório também foi destacada pelo deputado Lucas Vergilio, presidente da ENS, que fez críticas contundentes à antiga direção da Susep e elogiou a troca de comando na autarquia: “Vamos ter, agora, um ambiente mais saudável. O que nos motiva e nos dá força para superar nossas divergências”, frisou. 

A própria Susep admitiu que é preciso haver mudanças. Segundo o novo superintendente da autarquia, Alexandre Camillo, a presença dele, um Corretor de Seguros, no comando da autarquia já é sinal de que o diálogo está restabelecido. “Essa é a minha característica, a conversar, o ouvir, o desenvolver ações fruto desses aprendizados. Peço a confiança e o apoio dos Corretores para colocar em marcha o que o setor quer. Mas, há que se entender que existe uma equação entre o que ser quer, o que é necessário e o que é preciso. Vamos trabalhar!”, assegurou. 

CORRETOR.  

A relevância do Corretor de Seguros foi enfatizada por diversos palestrantes em diferentes momentos do Congresso.  

O deputado Lucas Vergilio, que também é Corretor disse que a categoria é “sobrevivente” no cenário atual. “Depois de tudo o que passamos, pode vir qualquer tipo de adversidade. A categoria comprovou na prática que somos essenciais para o mercado de seguros, independentemente de qualquer situação, pois o segurado vê em nós o elo de segurança para que possa proteger suas famílias, bens e a sua vida”, disse Vergílio, durante o painel “O Setor de Seguros e o Corretor: Realidades e Perspectivas”.  

Já o presidente do Sincor-SP, Boris Ber, pontuou que os Corretores de Seguros demonstraram ser resilientes e provaram isso “mais uma vez” durante a pandemia. “Cumprimos o nosso dever de levar proteção à sociedade no momento em que mais precisou”. 

Boris frisou ainda que é muito importante a qualificação para acompanhar as constantes mudanças que vêm ocorrendo no mundo. “Mas, nós não temos medo de desafios, não temos medo de adversidades”, afirmou.  

O presidente do Ibracor, Joaquim Mendanha também destacou a atuação do Corretor de Seguros ao longo da pandemia. “Os Corretores mostraram a importância da proteção e ajudaram o mercado de seguros a se apresentar à sociedade durante a pandemia, isso é o mais importante”, declarou. 

AUTO.  

No painel que discutiu o futuro da carteira de Automóveis e dos Ramos Elementares, lideranças do mercado e especialistas destacaram as rápidas transformações implementadas na carteira, incluindo a simplificação de processos e a possível eliminação do questionário de análise de risco. 

O fim do questionário será posto em prática pela Porto Seguro. “Isso toma um tempo desnecessário do Corretor de Seguros e torna o processo burocrático. Queremos que o Corretor esteja mais livre para focar no atendimento ao cliente, explicando as coberturas e vantagens do seguro”, anunciou o diretor-executivo da companhia, Jaime Soares. 

Outra seguradora que deve adotar essa medida é a HDI. “As seguradoras estão perguntando cada vez menos sobre o cliente e, ao mesmo tempo, sabem mais sobre ele. Existe uma corrida tecnológica de análise de dados para conhecer a rotina das pessoas e, assim, garantir um preço mais justo. A tecnologia nos permite saber de antemão as probabilidades de sinistros e demandas”, justificou o presidente da seguradora, Eduardo Dal Ri. 

SAÚDE.  

Já no painel sobre o seguro saúde, houve amplo debate sobre critérios para reajustes, relação de coberturas, a telemedicina, adoção de franquias e o papel do Corretor na necessária orientação aos segurados.   

VIDA.  

As novas perspectivas que surgem na área de benefícios, seguros de vida, planos de previdência privada e até nos investimentos financeiros, que, cada vez mais, atraem os Corretores, foram abordadas no painel “Benefícios, Vida, Previdência e Investimentos”. 

Segundo o CEO da Zurich e Presidente da FenaPrevi, Edson Franco, hoje, há uma maior preocupação com a proteção, e as pessoas reconhecem a importância do seguro. “Há interesse, então, eu vejo aqui a obviedade da oportunidade. O nosso papel é ajudar as pessoas a se preparar. O Corretor de seguros, com um olhar atento, sabendo da atual situação de vida e dos planos de futuro tem o papel de mostrar o que o futuro prepara para ele: nascimento, casamento de um filho, aposentadoria”, salientou. 

NOVIDADE.  

Entre as novidades nesta edição do Congresso constou o painel dedicado às mulheres do mercado de seguros, reunindo executivas que assumiram o comando ou atuam como líderes de grandes empresas do setor, que irão debater questões relacionadas à equidade e ao empoderamento. 

TECNOLOGIA.  

Um dos temas mais abordados no evento foi a necessidade de se investir forte em novas ferramentas tecnológicas.  

Nesse sentido, chamou a atenção de todos a informação de que a Bradesco Seguros, por exemplo, irá investir aproximadamente R$ 1 bilhão em tecnologia. “O Foco principal é o relacionamento com o Corretor de Seguros”, adiantou o Diretor-Presidente da companhia, Ivan Gontijo, ao participar do primeiro painel do Congresso, que discutiu o tema “Panorama Econômico e Perspectivas para o Setor de Seguros”.  

EVENTOS.  

O Congresso, na prática, foi composto por três eventos simultâneos: a plenária, com 10 painéis, contemplando debates, a atualização e o aperfeiçoamento profissional; a 21ª Exposeg, reunindo as grandes empresas do setor, que apresentaram seus produtos e campanhas, oferecendo grande oportunidade de relacionamento, parcerias e negócios; e a programação cultural, com shows da dupla Marcos & Belutti, do cantor e ator Mumuzinho e, no último dia do evento, um show especial, reunindo as cantoras Fernanda Abreu, Paula Lima e Luiza Possi, em homenagem às profissionais do mercado e ao Dia Internacional da Mulher, comemorado na próxima terça-feira, 08 de março. 

Para proteger a saúde e o bem estar dos congressistas, em decorrência da pandemia, foi definido um limite para inscrições correspondente a 40% de lotação do local do evento, que é de cinco mil pessoas. 

Todos os participantes tiveram que enviar, com antecedência, a certidão de vacina com ciclo completo. 

Além disso, no momento do credenciamento, foi exigida a apresentação de comprovante de teste negativado da Covid. 

A organização irá disponibilizou testes gratuitos nas dependências do evento, durante os três dias do Congresso. 

AÇÃO SOCIAL

Durante o Congresso foi apresentado o projeto “Educação, Um Caminho Seguro”, segunda ação social encampada pela Fenacor, e que foi idealizada para amparar crianças e jovens em vulnerabilidade educacional, através da doação de kits escolares e disponibilização de curso EAD profissionalizante, em parceria com a ENS (Escola de Negócios e Seguros), visando a capacitação e criação de oportunidades de carreira para jovens do ensino médio, em busca de colocação profissional. 

A ação foi destacada durante almoço com o público feminino na sexta-feira, 04 de março. “Vamos ajudar a fazer deste projeto mais um sucesso, como tivemos recentemente quando conseguimos fazer uma doação de 22 mil cestas básicas em todo o Brasil no período de maior crise da pandemia”, conclamou Simone Queiroz, integrante da comissão que coordena o projeto.

Fonte: CQCS