A crise gerada pelo surto mundial de coronavírus está mudando a política de diversas seguradoras, que começaram a cobrir mortes pelo vírus em seus seguros de vida e prestamista (que garantem o pagamento de financiamentos e dívidas em caso de morte e invalidez). Dessa forma, as empresas estão deixando de aplicar a regra de que pandemias são excluídas de apólices.
A não inclusão de pandemias no pagamento de seguros de vida ocorre devido ao fato de que esse tipo de produto tem como objetivo cobrir riscos que são previsíveis. As apólices são precificadas e os prêmios cobrados com base nessa previsibilidade. “Pandemias, catástrofes naturais, guerras, são geralmente excluídas das linhas de coberturas”, explica Guilherme Bini, presidente do Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul (Sindsegrs).
No entanto, devido à comoção causada pela epidemia de coronavírus no mundo e no Brasil, várias seguradoras já anunciaram que vão desconsiderar essas cláusulas, mesmo arcando com maiores riscos e necessidade de mais fiscalização. “Nossa informação é de que pelo menos 12 empresas já anunciaram essa mudança. Estou há 21 anos nesse mercado e nunca precisamos cogitar essa ação, o que demonstra a seriedade da situação e a adaptação rápida das seguradoras”, afirma Bini.
Uma das empresas que mudou sua política foi a BB Seguros, que informou que pagará indenizações em caso de morte decorrente de infecção pelo novo coronavírus, conforme os valores previstos nas apólices de seguros de vida. Segundo a seguradora, a definição se sobrepõe à cláusula contratual de exclusão de pandemia, em caráter excepcional, visando minimizar os impactos à sociedade.
A Mapfre afirmou que pagará indenizações em caso de morte decorrente de infecção pelo novo coronavírus, conforme os valores previstos nas apólices de seguros de vida individual e empresarial. “Precisamos nos unir em torno de iniciativas que garantam a saúde e o bem-estar de toda a população. Como seguradora, entre outras iniciativas que tivemos, reavaliamos um cláusula importante para contribuirmos com o cuidado da sociedade neste momento”, destaca Luis Gutiérrez, CEO de Seguros da Mapfre Brasil.
A empresa também lembra que a medida está em linha com as demais ações tomadas para reduzir os impactos à sociedade da pandemia, como renovação para seguro Auto, Residencial e Rural, com manutenção das mesmas condições e preços de 2019 para este ano.
A Zurich Santander também decidiu indenizar as possíveis ocorrências relacionadas à pandemia para os clientes com apólices vigentes dos seguros de vida, habitacional, prestamista, acidentes pessoais e viagem, embora estes produtos excluam a cobertura para eventos desta natureza. Segundo a seguradora, os sinistros serão analisados de acordo com os procedimentos já existentes, observando as regulações do setor e também o momento atípico.
A gaúcha Previsul destacou que a Covid-19 é tratada como risco excluído nas condições gerais das apólices, mas isso será flexibilizado. Entretanto, a empresa alerta que a preexistência da doença continua sendo fator excludente das contratações que demandarem Declaração Pessoal de Saúde (DPS). “Não será realizada alteração nas condições gerais, pois trata-se de uma situação que será tratada caso a caso, frente ao problema mundial que estamos vivendo com a pandemia”, informa a Previsul.
Já a Sabemi informa que seu plano de previdência privada (Pecúlio) está apto a cobrir morte por pandemias, inclusive a do Covid-19. “O momento é de solidariedade, e a Sabemi visa sempre à proteção e ao amparo dos seus clientes em todos os momentos”, destaca a empresa em nota.
O banco digital Agibank, em parceria com a seguradora Generali, destaca que lançou um seguro de vida que contempla morte natural e acidental, incluindo ocorrências de óbito por Covid-19, e que subsidia a compra de medicamentos. Com baixo custo de aquisição, o produto oferece, sem carência, o valor de R$ 150,00 para compra de medicamentos em farmácias para cada consulta de emergência realizada.
Autor: Jornal do Comércio l Marcelo Beledeli
